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Crowdfunding literário

Como levantar grana para publicar aquele seu eBook que ainda está “na gaveta”

No século 1 antes da era cristã, Caio Cílnio Mecenas foi um influente conselheiro do imperador Augusto. Em torno de si, formou um círculo de intelectuais e poetas para a sustentação de suas produções artísticas. Mecenas criou, com seu jeito inovador de influenciar pessoas, todo um modelo de incentivo e patrocínio para outros artistas e literatos. O termo ‘mecenas’ passou a indicar uma pessoa que fomenta concretamente uma produção cultural.

Recentemente, com o advento da web, o mecenato ganhou nova roupagem e força com a obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo, através de múltiplas fontes de financiamento. Ações são engendradas na internet com o objetivo de, por exemplo, arrecadar verba para projetos de publicação de livros. É o chamado crowdfunding, uma ação que pode ser usada por escritores para viabilizar projetos literários por intermédio das mídias sociais.

Crowdfunding vem da junção das palavras crowd [que, traduzido para o português, quer dizer multidão] e funding [financiamento]. Financiamento coletivo talvez traduza melhor o termo, embora alguns prefiram financiamento colaborativo. O crowdfunding intensificou-se a partir de 2009, juntamente com o fortalecimento da chamada social media [cujas redes sociais são sua principal ferramenta], mas ganhou realmente massa crítica por conta da cultura de colaboração natural da própria internet.

Uma plataforma online de crowdfunding funciona como uma espécie de portifólio de ideias e projetos, que são criados por internautas que geralmente não dispõe do capital inicial para levar adiante seus empreendimentos. No caso dos projetos literários, o escritor pode optar por apresentar seu projetos de livros em uma das plataformas online de crowdfunding disponível. Após criar o projeto do livro, o autor divulga sua ideia para amigos através das redes sociais. Os internautas que se interessam pelo projeto serão, eles mesmos, os futuros leitores da obra e farão as doações que viabilizarão financeiramente a edição.

Cada projeto proposto pensa em como recompensar quem colabora. É comum, em troca da ajuda, o internauta doador esperar por algum tipo de recompensa. O autor proponente pode, por exemplo, trocar o nome de um dos personagens da obra, no caso de ficção, pelo nome do doador. O doador pode ter o seu nome impresso nas páginas iniciais do livro, nos créditos; pode receber um autógrafo personalizado do autor; pode ter acesso a exemplares numerados, e por aí vai.

Mas tudo deve ser planejado com a máxima atenção. Principalmente a planilha financeira do projeto, que deve abarcar desde os custos de produção da obra até os “mimos” para os doadores. As plataformas online de crowdfunding geralmente retém 5% do montante arrecadado. E se um determinado projeto não alcança o financiamento necessário, as plataformas de crowdfunding devolvem os valores aos doadores.

Para que uma ação de crowdfunding alcance o resultado esperado, é preciso muita projeção; é necessário que o proponente faça um pré-teste com os amigos, com seu networking. É preciso que o autor tenha a certeza de que a obra proposta é realmente seu melhor livro. Revisar a obra inúmeras vezes até ter a certeza de que ficou perfeita, é o mínimo que se pode fazer. É preciso também criar uma resenha matadora, pois é ela quem irá convencer o doador. Além disso, o autor proponente pode apelar para os vídeos, de preferência curtos que, na internet, são mais propícios a se tornarem virais.

crowdfunding pode a princípio parecer uma moda passageira, mas segue uma tendência cultural de colaboração mútua que se estabelece sobre a internet e que já demonstrou resultados em massa. Ações colaborativas como as observadas, por exemplo, nas compras coletivas, são na verdade o efeito e não a causa de uma revolução no modo de pensar e viver em sociedade. O consumo passa a ser feito de modo sustentável e em grupo.

Hoje, existem cerca de 300 sites de crowdfunding espalhados pela grande rede mundial, dos quais pelo menos umas dez sejam importantes e influentes canais da cultura web. Por conta da intermediação financeira proporcionada por estas plataformas online, em 2011 foram arrecadados 1,5 bilhão de dólares. Existem algumas estimativas publicadas por empresas de pesquisas que até o final de 2013 sejam arrecadados mais de 3 bilhões de dólares. Atualmente no Brasil existem pelo menos 30 sites de crowdfunding, cujas ideias financiadas representaram cerca de 75% de projetos artísticos.

Treze séculos após Caio Cílnio Mecenas ter influenciado toda uma elite do império augustino, um novo jeito inovador de chamar a atenção das pessoas para um determinado projeto ressurgiu através da internet. Hoje em dia, uma produção artística pode sustentar seu próprio início através do incentivo e patrocínio de milhares de internautas e ao mesmo tempo leitores. Por acreditar no trabalho do escritor, o leitor compra a obra antes mesmo que ela seja publicada.

Se esta é ou não uma onda passageira, só o tempo dirá. Por enquanto, o financiamento coletivo pode ser a chance que muitos escritores tem de levantar capital para publicar aquele eBook guardado “na gaveta”. Ou, na maioria dos casos, guardado em um pendrive.

Quer saber mais? Então anote na sua agenda:

PalestraUm novo modelo de mecenato para a literatura
OndeLivros em Pauta
Quando: 19 de outubro de 2013, sábado
Horário: Das 13:00 até 15:00
LocalFaculdade Estácio Uniradial | Campus Jabaquara| Sala 104
EndereçoAvenida Jabaquara, 1.870 | Saúde

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