Equipamentos digitais para o consumo e acesso de conteúdo estão cada vez mais próximos da experiência, conforto e comodidade de seus predecessores em versão papel.
Depois de a Amazon e Kobo anunciarem novas edições de suas famílias de gadgets, agora é a vez da Apple que apresentou uma opção que parece difícil de ser superada pelas rivais quando falamos em estado de arte em mídias digitais.
Na última quinzena de outubro, a Apple apresentou ao mercado a segunda edição do iPad mini. Uma das maiores novidades do lançamento tem a ver com a questão da legibilidade de sua tela, com uma tecnologia de alta resolução chamada Retina, já testada em outros equipamentos da família de tablets da empresa.
Em meados de 2000, quando ainda sonhava com os Tablets PCs, a Microsoft havia lançado uma tecnologia, chamada ClearType, que tinha como objetivo melhorar a legibilidade das fontes utilizadas no aplicativo MS Reader. O objetivo da tecnologia ClearType era melhorar a qualidade dos pixels nas cores RGB [red, green e blue] e assim melhorar o conforto de se ler em uma tela.
Felizmente este tempo de tentar melhorar a legiblidade das telas usando artifícios através de softwares passou. Pois não passava de um truque, a tela da nova edição do iPad mini tem resolução nativa de 2.048 x 1.536. Sua área visível é idêntica a de um livro no formato padrão 14×21, e causa uma densidade de pixels superior e, com isto, uma nitidez maior nas fontes, imagens, etc., superior a dos livros impressos.
Adeus e-readers?
A Apple deixou o iPad do mesmo tamanho dos e-readers da primeira geração [Rocket eBook, SoftBook, Sony LIBRIè] e da segunda geração [Kindle, Kobo, Sony Reader]. Agora os e-readers [os dispositivos criados e desenvolvidos especificamente para a leitura dos eBooks] estarão cada vez mais fadados a um nicho de consumo que ainda não se solidificou. Se não for lançada rapidamente a terceira geração de e-readers com telas coloridas e dobráveis, tablets como o iPad mini terão oportunidade maior de superar seu consumo.
Os e-readers são geralmente mais baratos porque a tecnologia básica que eles guardam [a tela, o processador e bateria] são sempre mais simples e baratos de se fabricar. Os e-readers geralmente permitem apenas o acesso e a leitura dos eBooks, funções também básicas que permitem que o aparelho seja mais facilmente desenhados e projetados pelos fabricantes. Já os tablets do tipo iPad Mini, que possui o processador Apple A7, servem não só para o processamento de dados do tipo read only memory, mas também permitem o processamento de uma série de outros dados de aplicativos que usam vídeos, social media, geolocalização, games, etc.
Só para se ter uma ideia, o iPad mini é até quatro vezes mais rápido que a primeira geração da primeira edição do iPad. O que nos faz lembrar do então presidente da Intel, o Sr. Gordon E. Moore, que afirmou que o número de transistores dos chips teria um aumento de 100%, pelo mesmo custo, a cada período de 18 meses.
O Sr. Gordon estava correto, mas isto não quer dizer que os tablets vão ficar cada vez mais baratos. É o contrário, eles terão cada vez mais poder computacional, por enquanto pelo mesmo preço. Quando chegar às lojas, o iPad mini custará US$ 399. A edição anterior custava US$ 300.
Ou seja, a questão preço versus consumo de livros digitais continua. Porque tablets de alta performance acabam chegando ao Brasil por volta de R$ 1.500, aproximadamente. Os fatores do custo para o consumidor final, já conhecemos: a indexação do dólar, impostos, as taxas de importação, etc.
E não há nenhuma chance em equiparar equipamentos de alta performance da isenção de determinados impostos que hoje desfruta o mercado editorial com os livros impressos. Talvez até conseguíssemos isto com os e-readers, mas prerrogativa como esta aplicada aos tablets e smartphones não fazem sentido nenhum.
Para os leitores que adquirem um tablet de alta performance como o iPad mini, o que resta, para equilibrar os gastos com a leitura, é o consolo de que já existem dezenas de bibliotecas digitais e sites de autores, boa parte independente dos grandes selos editoriais, que já permitem o download dos eBooks em valores mais acessíveis que os praticados nas versões impressas. Em alguns casos é possível também baixar ótimos títulos com qualidade editorial e textual a preço zero.
Portabilidade, mobilidade e legibilidade
O iPad mini tem 7,5 mm de expessura. Podemos compará-lo a um livro impresso com quatro cadernos de 32 páginas. Pesa apenas 331 gramas, o equivalemte a um livro impresso de aproximadamente menos de 500 páginas. Mas as diferenças acabam por aí, ao invés de permitir a portabilidade de um livro de 128 páginas no formato 14×21, o iPad mini permite a portabilidade de centenas de aplicativos voltados para a leitura de eBooks disponíveis na App Store além de milhares de títulos de diversos canais. A medio prazo, para os leitores mais compulsivos, vale a pena a compra porque compensa. O leitor não conseguiria a mesma quantidade de títulos na versão impressa pelos mesmo custo, se comparássemos.
Falta pouco, portanto, para o restante [acessibilidade, conexão e consumo] também serem superados. Como eu reafirmo em meu próximo livro, que será lançado até o final deste ano pela Editora do Senai, em termos de portabilidade, mobilidade e legibilidade, o ecrã digital superou o papel com um equipamento leve, fino e conectado.