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O Tarot de Pamela Colman Smith

❝ Ouvi dizer que metade do mundo não tem nada a dizer. Talvez a outra metade tenha, mas tem medo de falar. Trate de banir o medo, de fortalecer a coragem e de colocar seu ideal bem lá no alto, junto com o sol, longe da sujeira, da miséria e da feiura ao seu redor. ❞ — Pamela Colman Smith

Para celebrar o lançamento do meu próximo livro “Os Arcanos de Oz” (#editoramatrix, 2024), estou publicando uma coleção de textos sobre oráculos.

Pamela Colman Smith, conhecida como “Pixie” por seus amigos, foi uma artista cosmopolita e viajada, cuja vivência no século XX desafiava as convenções sociais da época. Nascida em 1878 em Pimlico, Londres, Smith foi uma artista talentosa, conhecida por suas ilustrações vibrantes e cheias de vida, que foram fundamentais para dar ao Tarot sua forma moderna. Sua singularidade se destaca não apenas em sua habilidade artística, mas também em sua perspectiva inovadora que influenciou profundamente o Tarot moderno.

Smith não era apenas uma ilustradora, mas também uma escritora e uma entusiasta do ocultismo, o que a conectou à Ordem Hermética da Aurora Dourada, onde conheceu Arthur Edward Waite.

Em 1903, durante as sessões dessa ordem, Smith e Waite começaram a colaborar em um projeto que transformaria o Tarot. Inspirados pelos baralhos Petit Lenormand, Sola Busca e de Marselha, eles desenvolveram um novo tipo de Tarot que combinava personagens e cenas dos Arcanos Maiores com uma inovadora iconografia para os Arcanos Menores.

O Tarot de Marselha, por exemplo, representava os Arcanos Menores apenas com símbolos do naipe, mas Smith, influenciada pelo Sola Busca Tarot, introduziu cenas ilustrativas que simbolizavam os significados das cartas. Essa inovação fez do Tarot Waite–Smith e uma ferramenta acessível e intuitiva para adivinhação e autorreflexão, permitindo que suas imagens ressoassem profundamente com aqueles que buscavam orientação espiritual.

Pamela Colman Smith desempenhou um papel crucial na renovação do Tarot, tornando-o mais acessível a um público mais amplo. Ao contrário dos baralhos tradicionais, que muitas vezes eram vistos como exclusivos para os iniciados, suas ilustrações detalhadas e narrativas ajudaram a democratizar o uso do Tarot. Ela encorajou gerações futuras de artistas a enxergarem com os “olhos de dentro”, como ela mesma mencionava, promovendo uma visão mais introspectiva e pessoal do Tarot e da espiritualidade.

Sua sinestesia, uma condição que permite a percepção cruzada entre os sentidos, influenciou profundamente suas interpretações simbólicas no Tarot. Essa capacidade única possibilitou que Pamela criasse imagens que evocavam emoções e sensações de maneira rica e profunda. Ao incorporar elementos visuais que ressoavam com experiências sensoriais, suas ilustrações não apenas representavam os significados das cartas, mas também convidavam os usuários a uma compreensão mais intuitiva e emocional do Tarot.

O legado de Smith transcende o Tarot e se estende a diversas formas de arte contemporânea, incluindo cinema e música. Suas ilustrações têm influenciado artistas de várias disciplinas, que reconhecem a capacidade de suas imagens de tocar não apenas na esfera estética, mas também na espiritual e no imaginativo. A conexão entre arte e magia que permeia seu trabalho ecoa na forma como suas criações continuam a inspirar e ressoar com novas gerações.

Embora Smith tenha colaborado estreitamente com Arthur Edward Waite, ela recebeu pouco reconhecimento em vida, e seu nome foi ofuscado pelo de Waite e pela editora Rider, que publicaram o baralho pela primeira vez em dezembro de 1909. Somente nas últimas décadas sua contribuição começou a ser amplamente reconhecida, levando muitos a defender que o baralho deveria ser chamado de Tarot Waite-Smith em sua homenagem.

Pamela Colman Smith faleceu em 1951, em Bude, Cornwall, em relativa obscuridade e sem herdeiros diretos. No entanto, seu legado vive através do Tarot, que permanece uma das ferramentas esotéricas mais populares e influentes de todos os tempos.

A obra de Pamela Colman Smith não é apenas uma contribuição significativa ao mundo do Tarot, mas também uma reflexão sobre a capacidade transformadora da arte. Suas ilustrações, ricas em simbolismo e emoção, permanecem relevantes, tocando a vida de muitos e reforçando a ideia de que a arte pode ser uma poderosa ferramenta de autoconhecimento e transformação espiritual. O reconhecimento tardio de sua contribuição ao Tarot é um lembrete da importância de valorizar as vozes e as histórias das mulheres na história da arte e da espiritualidade.

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